segunda-feira, 19 de julho de 2010

Os discípulos de Jesus e a prática da misericórdia

E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu? Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
Lc 10: 25-37

Um certo doutor da Lei, homem dedicado ao conhecimento e à interpretação dos códigos divinos, levantou uma importante questão prática: “- Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”. Apesar de suas intenções puramente provocativas, não há dúvidas de que este sujeito ansiava por uma vida que fosse além da realidade presente. Desejava por vida plena, cheia de significado e aprovada por Deus.
É possível que formulemos muitas e variadas possibilidades para alcançar vida eterna. Sacrifícios? Rituais? Práticas ascéticas? Mais conhecimento? Nada disso. Jesus lhe devolveu a pergunta: “- Que está escrito na lei? Como lês?” O doutor da Lei sabia a resposta: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.”
É simples! Está claro! Vida eterna é a consumação lógica na existência de quem já se deixou envolver pela vida de Deus. Deus é amor e, quem vive com Deus, ama.Mas mesmo assim não faltam tentativas para fugirmos de Sua vontade. Para o doutor da lei não estava claro saber quem era o seu próximo. Ele ainda guardava um meio para se esquivar do mandamento.
A parábola do samaritano não deixa mais espaços para fugas. Temos uma dupla resposta: amar é fazer o bem ao próximo.O próximo é todo aquele que cruza o nosso caminho - “...Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.” ( v33 e 34)
Desejo e conhecimento não bastam. O doutor da lei estava cheio de desejo e carregado de conhecimento. Seguir a Cristo é viver a vida de Deus. Deus é amor! Jesus nos ensina que o amor, mais que um mero sentimento, é a prática da misericórdia. Amar é servir em misericórdia as pessoas que cruzam nosso caminho.
Quem ama está na luz. Amemo-nos!

Em Cristo, Júlio Marçal , pastor.

sábado, 22 de maio de 2010

A Promessa do Espírito Santo

No texto do Evangelho de João 14: 8-17 encontramos algumas das últimas palavras de Jesus a seus discípulos antes da sua partida para junto do Pai. “Após afirmar ser “o caminho, a verdade e vida” e que, Nele, encontramos a face de Deus – “Eu e o Pai somos um”, Jesus promete ser a Presença viva de Deus na existência cotidiana de todo aquele que lhe segue no Caminho – ‘...aquele que crer em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai (v.12) ...E tudo que pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho (v13) ...Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei( v 14)...Ele vos dará outro Consolador (v16) ...Não vos deixarei órfãos... (v18).”
Jesus ainda nos ensina que a presença viva de Deus acontece como consciência na vida daqueles que andam no amor que, invariavelmente, revela-se na obediência – “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” ( v21). Não que a presença de Deus só se manifeste após a obediência. Ele é fiel, e mesmo que sejamos infiéis, ele não pode negar a si mesmo. A questão é que a obediência nos faz sensíveis a presença amorosa de Deus. É por isso que só quem perdoa sabe que foi perdoado; só quem ama o próximo sabe ser amado por Deus. Somente aqueles que caminham no amor-obediência a Deus experimentam no dia-a-dia a presença viva do amor de Deus.
Jesus nos garante que sua presença viva é fielmente manifestada na pessoa do Espírito Santo, o Consolador – “ E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador...o Espírito da verdade”. O Espírito Santo é o sim de Deus que, de uma vez por todas, declara que somos filhos adotados com amor eterno. O Espírito Santo intercede por nós, vive em nosso ajuntamento – “ habita convosco ” - e em nosso interior – “ estarás em vós”.
Deus concedeu o dom do Espírito Santo a todos os que foram feitos filhos de Deus mediante a fé em Cristo. Louvemos a Deus por tamanha graça!
Em Cristo, Júlio Marçal.

A Mensagem da Cruz - entrega total

Pai, em tuas mãos entrego meu espírito.
Lucas 23: 46



A última fala de Jesus Cristo na cruz foi uma oração de entrega confiante no amor do Pai - “Pai, em tuas mãos entrego meu espírito”.
Essa oração foi uma citação do Salmo 31: 5. Neste salmo Davi eleva seu clamor a Deus em meio a um turbilhão de forças esmagadoras: ameaças de morte (v4 e v8); angústias da alma (v9 e v10); injúrias(v11), desamparo (v12). Com o passar do tempo o “em tuas mãos entrego o meu espírito” tornou-se uma tradicional oração ensinada pelas mães israelitas a seus filhos, a ser recitada antes do sono noturno.
Seja na boca do rei Davi, na prece de uma criança ou no último clamor da cruz de Cristo, “em tuas mãos entrego espírito” é uma extraordinária declaração de fé daqueles que reconhecem que a garantia da verdadeira segurança está apenas nas mãos do Pai Celeste.
No Cristo crucificado aprendemos que nem mesmo as mais terríveis ameaças desta vida são capazes de roubar a confiança no amor do Pai. Abandonado por seus amigos, estando sob a tortura da cruz, do escárnio dos seus inimigos e sofrendo da angústia da dor do desamparo por causa dos nossos pecados, Jesus permaneceu firme na confiança em Deus. A cruz não seria o seu fim, pois os que descansam em Deus pacificam o próprio coração na certeza de que o Senhor resplandecerá o seu rosto sobre os seus servos.(Salmo 31: 16).
As palavras de Cristo na cruz começam e terminam em Deus. Em sua primeira fala ele diz: “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que fazem” e termina sua missão na cruz falando ao Pai: “em tuas mãos entrego o meu espírito”. Aos pés da cruz de Cristo aprendemos que uma vida que começa e termina em Deus não pode ser vencida nem mesmo pelo poder da morte. Nosso Senhor Jesus fez da cruz, aquilo que seria um símbolo de vergonha e dor, o trono de glória de onde emana o poder do amor que tudo vence.
Que o espírito do perdão, da graça, do cuidado com o outro, da fé, da sede de Deus, da certeza na obra consumada na cruz e da entrega a Deus estejam em todos nós.
Em Cristo, Júlio Marçal, pastor.

A Mensagem da Cruz - satisfação plena

Tenho sede ... João 19: 28


Na cruz, Jesus disse: Tenho sede. Ele já havia oferecido perdão aos seus inimigos, prometido salvação a um ladrão, feito provisão para o futuro de sua mãe e clamado ao Pai em meio às sobras do abandono da cruz e agora, através desse clamor, demonstrava sua plena identificação com os sofrimentos físicos de todos os seres humanos.
Após seis horas de derramamento de sangue, além da desidratação decorrente do clima e da temperatura daquela região, o corpo de Jesus clama por água. A cruz nos apresenta um Cristo plenamente humano, sujeito às dores e aflições de todos nós.
É justamente por causa da verdadeira humanidade de Jesus que seus discípulos podem se dirigir a Deus com a certeza que são devidamente compreendidos. Nas palavras do escritos de Hebreus: “ Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” . Hb. 4: 14-16.
Durante suas andanças, ensinando e pregando as Boas Notícias do Reino, Jesus falou de outra sede que precisa ser saciada; “... Aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” João 4: 14. A vida de Jesus foi impulsionada pela sede de fazer a vontade do Pai, oferecendo a si mesmo como sendo a água capaz de matar a sede interior de todos nós. A sede de vida, de amor, de compreensão, de segurança e de paz apenas é saciada na pessoas de Jesus Cristo.
Jesus teve sede da água capaz de saciar o corpo físico a fim de que possamos ter sede da água capaz de saciar o clamor do coração - “ Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; o meu corpo te almeja, como árida, exausta, sem água” Salmo 63: 1.
Em Cristo, Júlio Marçal, pastor.